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Viver com corpo de floresta

  • Foto do escritor: Lidiane Passos
    Lidiane Passos
  • 31 de mai.
  • 1 min de leitura

E talvez seja por isso que eu sinta tanta falta da floresta.

Das águas amnióticas do rio Tapajós.

Das pessoas com olhar caloroso e humano.

Da música que nasce do corpo.

Da dança que brota dos pés descalços.

Da poesia que respira entre as árvores. Das frutas doces com gosto de terra.

Do cheiro do mato, do som dos pássaros.

Do vento no rosto dizendo: você está viva.

Talvez seja por isso que eu sinta tanta falta da floresta.

Porque ela me devolve a mim mesma.

Porque nela, o mundo não me exige forma, função, produtividade, só presença.

E talvez seja por isso que a estejam destruindo.

Porque quem sente, ameaça.

Porque quem sente não consome no automático.

Porque quem sente não se submete fácil.

Porque quem sente questiona.

Porque quem sente se reconecta.

E quem se reconecta, lembra.

Lembra que veio da terra.

Lembra que é semente.

Lembra que não nasceu pra viver entre paredes frias e telas brilhantes.

Mas pra viver com o corpo inteiro

debaixo do sol, na beira do rio, em roda, em dança,

em poesia.




 
 
 

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